27 de julho de 2016

A dor e o sofrimento

Acho que eu nunca vou me acostumar a meninas de 18, 15, 12 anos falando que desejam morrer. Não que ideação suicida em adultos seja mais aceitável. Mas parece tão contraditório que garotas tão novas já possuam pensamentos tão tristes. É chocante se deparar com esse tipo de situação. Hoje atendi um menina, 18 anos, mas com um sofrimento emocional de gente grande. Ela não apenas relatava desejo de morrer como confessava já ter tentado tirar sua vida. A gente aprende na faculdade sobre medicações, dose, mas pouco nos é ensinado a cerca de como lhe dar com o sofrimento do outro. Aquele sofrimento que não passa com um analgésico, que vai além do arsenal que usualmente dispomos. São preciosos momentos nos quais descobrimos nossos limites, e a falácia imposta de que temos um tratamento para tudo. Não, não o temos e quanto antes percebermos isso mais fácil tornar-se-á nossas vidas. Alguém pode me argumentar que há o lítio, os antidepressivos, ansiolíticos, as psicoterapias e por aí vai... Mas sabe o que os últimos três anos me tem ensinado... Nem tudo na vida tem CID, nem tudo na vida é doença, às vezes tristeza, choro e desespero é apenas tristeza, choro e desespero. E diante dessas situações eu não sou a médica Ana Nataly, nesses preciosos momentos humanos eu sou apenas mais uma alma tentando confortar outra, mais uma pessoa a escutar, muitas vezes em um silêncio que significa... Você não está sozinha, eu posso não entender seu sofrimento por não ter vivido-o, mas sou capaz de imaginar sua dor, e estou aqui para pelo menos ouvir o que seu coração tem para dizer.

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