Mesma cadeira...
Mesmo pedido...
Você sempre vinha às quintas,
Por volta das 11h
Se sentava na mesa do canto.
A última à esquerda
Pegava um livro e se perdia em suas páginas.
Eu sempre te servia...
Te admirando em segredo.
O jeito como você segura a xícara de café.
Seus risos e suas lágrimas no seu universo particular.
Tão linda em seus sapatos baixos... seus cardigãs de lã.
Com o rosto limpo e o cabelo solto.
Quantas horas me perdi nas ondas dos seus cabelos.
E ninguém parecia notar... o quanto eu me perdia em te
olhar.
Hoje a neve caí lá fora...
E você parece ainda mais bela.
Mas algo esta estranho.
Há um brilho diferente no teu olhar.
Me aproximo e quando eu estou prestes a perguntar...
Vejo você se levantar... seu sorriso aumentar.
É quando vejo ele chegar.
O jeito dele ao segurar
sua mão...
Faz meu coração congelar
O olhar trocado entre vocês
Me faz perder o ar.
Não consigo dizer nem uma palavra a mais.
Alguém do palco me chama.
Finjo não ouvir... mas não há como fugir.
Sem perceber logo estou lá
Com um microfone na mão, sem chão ou direção
Sem saber o quê vou cantar
Resolvo expressar tudo que sinto numa simples canção.
E simplesmente não consigo parar de te olhar.
A canção começa...
Não sei em que momento você para...
E passa a olhar pra mim...
Mas noto uma confusão em seus olhos
Faço questão de não desviar o olhar.
“ Como pode você não perceber...
somos perfeitos um para o outros
Eu sempre estive aqui pra você...
e sempre estarei”
Termino a música e saio...
Tenho medo de olhar para atrás...
Tenho medo de encarar a
realidade.
Minha vontade é correr... Soltar
adrenalina
Mas poucos passos são dados
Quando escuto meu nome
É você, eu não preciso virar para
saber
Reconheço sua voz imediatamente.
Quando viro... seus olhos brilham
E você me pergunta se é real?
E eu tenho vontade de rir...
Olho dentro dos seus olhos
Cada passo mais perto
Até que o sussurro mais discreto
possa ser ouvido...
Ontem, hoje, amanhã e em mil anos
você é aquela por quem sempre eu esperei.
Venço a distância e me perco em
um universo paralelo.
Se estou sonhando, se real?
Não sei, mas por favor não me
acordem!!!
A. Trieste