15 de abril de 2013

Amar, verbo intransitivo.


Não precisa de complementos. Não precisa de justificativas. É completo por si só em si mesmo.

Amar não é arrebatador, não tira o senso de direção. O amor é racional,  simples,  cativante. Como diria Camões Amar é querer estar preso por vontade. É ter o livre arbítrio e ainda assim escolher estar um dia depois do outro ao lado da mesma pessoa.  Amar é escolher estar perto mesmo quando no auge da impaciência, você deseja todos longe. O amor se constrói diariamente, nas pequenas e grandes coisas da vida. Não se ama num dia, numa tarde. Esse sentimento rápido e instantâneo não é amor, isso se chama paixão.


A paixão surge de um papo, de um rápido momento de aparente sincronia. O quanto ela dura... ah depende. Ela pode durar tanto que se confunde com o amor. Mas existe uma diferença crucial entre ambos. E essa diferença que faz com que o amor seja mais duradouro que a paixão. A paixão é como uma pessoa viciada em drogas é sempre preciso mais e mais. A mesma dose de ontem já não promove o mesmo "barato", assim é nos relacionamentos. Um casal somente apaixonado está sempre em busca de uma nova emoção. Eles precisam estar no "barato" o tempo todo. Sentirem em cada batida do coração o sentimento, em cada momento vivenciarem a intensidade máxima da relação.

O amor é diferente é calmo, tranquilo, sereno. É intenso de sua maneira, mas diferente da paixão com o tempo exige menos. É necessário progressivamente menos esforço para provocar a mesma felicidade e sensação de bem estar. O abraço de quem se ama, a presença silenciosa, o sorriso do bem amado são muitas vezes o suficiente para um momento de felicidade suprema.

Enquanto a paixão te tira o chão e te deixa inconsequente, o amor te fornece direção, segurança.  

Em nossa realidade hoje houve uma banalização do verbo amar. As pessoas dizem eu te amo como trocam de roupa e com essa mesma "efemeridade" deixam de amar. Confundem carinho, com paixão e paixão com amor. E quando finalmente amam já estão tão calejadas de suas confusões e erros que não reconhecem o sentimento mais supremo que existe. E quando assim o fazem ainda possuem um medo irracional de admiti-lo.

Seria cômico se não fosse trágico ver tantos jovens e adultos que dizem eu te amo quando não amam e não o assumirem quando o sentem. Nossa geração precisa urgentemente entender a simples diferença entre amar e se apaixonar. Apreender a ter paciência para esperar o momento certo e a pessoa certa de se viver um sonho a dois. Quem ama verdadeiramente vive uma paixão diluída por toda vida.

A impaciência é a maior inimiga do amor e a melhor amiga da paixão.

A. Trieste

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